Por volta de 1806, chega à Vila de São Carlos, hoje Campinas, Manuel José Gomes,o Maneco Músico. Maneco teve mais de vinte filhos e um deles foi Antônio Carlos Gomes, o Tonico, que nasceu em 11 de julho de 1836. Tonico era um menino feliz, brincava com amigos nas ruas da Vila de São Carlos. Subia em árvores, brincava de pega-pega, mas o que ele mais amava era a Música. Ainda muito jovem, aprendeu com seu pai e seu irmão Juca, os primeiros acordes. Maneco dava aula de música e possuía um pequeno comércio para o sustento da família.
Certa vez, Maneco chamou os filhos e disse que a cidade amanhecera em festa, pois D. Pedro II chegaria a Vila e que sua banda iria tocar para o Imperador. Sabem quem estava tocando? O menino Tonico, que na época estava com nove anos.
Um pouco mais velho Tonico trabalhou como aprendiz de alfaiate, dava aulas de piano e tocava todos os instrumentos na banda de seu pai. Ainda adolescente fez sua primeira composição musical. Em 1859 Tonico quer ir a São Paulo, mas seu pai não o deixa ir. Disse ao filho que seu lugar era em Campinas, junto de sua família. Mesmo assim ele foge e vai para São Paulo. Apresenta-se com seu irmão Juca e faz um grande sucesso. Entusiasmado compõe o "Hino Acadêmico" para seus amaigos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. É novamente muito aplaudido.
Tonico conhece uma garota, a Ambrosina, apaixonado e distante da amada, faz uma modinha para ela: - "Quem sabe".
O jovem vai para o Rio de Janeiro e de lá escreve uma carta pedindo perdão ao pai pela fuga. O pai o responde com uma carta perdoando-o e a envia através da Condessa de Barral.
D. Pedro II lhe oferece matrícula no Conservatório Musical do Rio de Janeiro. Ainda no Rio de Janeiro, em 15 de março de 1860, Carlos Gomes se destaca como aluno brilhante até mesmo para o diretor do Conservatório - Francisco Manuel da Silva - o autor do Hino Nacional. No dia de sua apresentação oficial, está ardendo em febre, ele está com a febre amarela. Mesmo doente, se apresenta e é muito aplaudido.
Para se convalescer da doença Tonico volta a Campinas. Seu pai está orgulhoso com o sucesso do filho. Com os cuidados da família logo se recupera e, com os amigos, relembra com saudade os velhos tempos. É preciso seguir em frente. Volta ao Rio de Janeiro e em 4 de setembro de 1861 lança sua primeira ópera "A Noite no Castelo". Toninho estava com apenas 25 anos!
Em 15 de setembro de 1863, Tonico fica amigo de Salvador Mendonça e começa a escrever sua segunda ópera "Joana de Flandres".
D. Pedro II ficou tão impressionado com a beleza da ópera escrita por Carlos Gomes que conseguiu um aperfeiçoamento na Itália. Milão era o centro cultural da Europa. Tonico estuda dia e noite e finalmente consegue o diploma de Maestro Compositor.
Carlos Gomes fez sucesso compondo revistas musicais, mas o que ele queria era compor algo grandioso. Começa a trabalhar com afinco na sua grande ópera "O Guaraní". Nesta época, 11 de fevereiro de 1866 recebe a notícia da morte de seu pai.
Tonico em 19 de março de 1870, já em Campinas é homenageado pela cidade. Carlos Gomes volta ao Rio de Janeiro e em 2 de dezembro de 1870 ocorre a estreia da ópera "O Guarani" baseado no romance de José de Alencar que conta a história do romance de um índio pela moça portuguesa.
Tonico volta para a Itália se casa com a pianista italiana Adelina Peri. Em 16 de fevereiro de 1873 Tonico compõe sua quarta ópera "Fosca". Em 21 de março de 1874, em Genova - Itália, nasce Carlos André, seu primeiro filho com Adelina Peri. Neste mesmo ano ele compõe sua quinta ópera "Salvador Rosa". Ainda em Milão, a pedido do Imperador D. Pedro II, ele compõe "Maria Tudor", em 26 de março de 1879.
Infelizmente, Carlos Gomes está muito doente, perde o filho Mário Gomes, e a esposa Adelina Peri. Volta para o Rio de Janeiro em 27 de setembro de 1889.
Lança sua ópera "Lo Schiavo" que dedica à Princesa Isabel que assinou a Lei Áurea (lei que libertou os escravos no Brasil).
No ano de 1891, muito enfraquecido pelo câncer na língua, por fumar muito, compõe a ópera "Condor". O Maestro resolve voltar ao Brasil, quer morrer na sua pátria amada. Fica instalado em Belém do Pará, e vem a falecer em 16 de setembro de 1896.
Carlos Gomes teve uma bela trajetória, cheia de tristeza, todavia de grande sucesso. Sua música é lembrada até hoje, ultrapassando as fronteiras do nosso país. O menino Tonico, nascido em Campinas, realizou seu sonho que era de se tornar um grande músico e ser conhecido mundialmente!