Joanna de Flandres

Ópera lírica em 4 atos. Libreto e enredo de Salvador Mendonça. Data de estréia: 15 de setembro de 1863, no Teatro Lírico Fluminense (Provisório) do Rio de Janeiro. Dedicada a Francisco Manuel da Silva. Por este trabalho, o Imperador resolve mandá-lo para aperfeiçoamento na Itália.

Resumo: A ação decorre no tempo das Cruzadas. Balduíno, Conde de Flandres, é julgado perdido na Terra Santa. Durante sua ausência, a filha Joanna governa. Certo dia, surge na corte um trovador - Raul de Mauleon. Joanna toma-se de amores por ele, cumula-o de honrarias e com ele vive escandalosamente durante dez anos. Ao iniciar-se a ópera, toma-o por esposo, cingindo-o com a coroa dos condes de Flandres. Todavia, os flamengos - cientes de que Balduíno não morreu e está em Flandres disfarçado de peregrino - juram dar a própria vida para devolvê-lo ao poder. A corte está reunida para proclamar Raul o novo Senhor de Flandres, mas Balduíno aparece e se revela publicamente. Embora reconhecendo o pai, Joanna, para não perder a coroa e desgostar o amante, chama-o de impostor. O fiel Humberto pede que se resolva a pendência a juízo de Deus, o que é aceito por todos. No 2o. ato, é o regresso de Balduíno preso e acorrentado pela desnaturada filha. No cárcere é procurado por Joanna, que propõe salvar-lhe a vida caso confesse num documento que é um impostor e renuncie ao trono de Flandres. A princípio ele recusa; pensando na sorte de sua outra filha, vacila. Esta, no entanto, aconselha-o a não aceitar a vilania da irmã. Entrementes, Raul, cheio de remorsos, tenta em vão interceder junto à Joanna para que não execute o pai. Ouvem-se clarins e aclamações do povo. Joanna pensa que é chegada a hora fatídica, mas o povo irrompe em vivas à Balduíno. Raul aproveita o instante e apunhala Joanna. Entra Balduíno com seus homens; prostra-se diante da filha morta que pretendia salvar, pois a perdoara. Nesse instante Raul exclama: "Não podeis salvá-la, nem puni-la - sois soberano e pai". No momento em que os nobres flamengos vão justiçá-lo, Raul apunhala-se, tombando morto.